Às vezes bate o cansaço.
Páro, olho ao redor e me pergunto se mais alguém vê a inutilidade do
dia-à-dia.
Merda, eu sei que cada vida é única e preciosa e
blablablaclichêdocaralho, mas se você pára por um instante sequer, você
se prosta de joelhos e o peso do mundo simplesmente te esmaga.
Pessoas correndo dia após dia para conseguirem pedaços de papéis que
irão lhe dar uma vida boa, comprando roupas que irão mostrar aos outros
que são apresentáveis e dignos de confiança, dançando a mesma música que
querem que dancemos.
E então, chega um belo dia e abrimos os olhos, reparamos que por anos
passamos nos mesmos lugares e nunca olhamos atentamente.
Me pergunto se alguém mais vê que, dependendo do sol, o ângulo da ponte
e o dia, a paisagem muda como em outro mundo?
Alguém mais tem reparado que a lua essa semana estava inacreditavelmente
bela?
Quantos pararam para respirar fundo o ar poluído e ver que essa é a vida
que temos?
O que mais me afeta é que tanto faz se essas pessoas vêem isso ou não.
Desfiei por anos a ladainha de que ser humano não presta e não vale a
pena ser humana.
Acredito nisso na mesma proporção em que acredito que a vida é bela e
existem espécies únicas, existem pessoas, raras talvez, que merecem o
tempo que perco vivendo.
Me tenho em alta conta. Me desprezo demais.
Talvez essa falta de moderação entre a modéstia, o ego, a vaidade, a
arrogância e a insegurança, a falta do dito amor-próprio, seja metade
dos problemas.
Ou talvez não.
Se eu digo que não me importo com as pessoas, que não espero nada da
humanidade e raramente gosto, de verdade, de alguém, por que eu sempre
acabo em pedaços, irritada, estressada, machucada?
Como uma boa pessoa problemática, eu me respondo: porque eu não aprendo.
Porque eu sou humana e insisto em bater sempre na mesma tecla. Porque
sim, eu espero mais das pessoas em quem deposito minha atenção.
Não acredito que tenham que cumprir com minhas espectativas, longe
disso. Acredito apenas que deveriam ser mais espertas.
Algumas coisas são tão óbvias, que irritam.
Coisas fúteis como a ignorância, a futilidade, a estupidez, me corróem.
Dê-se um tapa na cara e lembre, ninguém é vítima nesse mundos.
Somos todos cúmplices desse crime, somos todos humanos calados. Nascemos
e crescemos, que diferença fizemos? E se a fizemos, fizemos para quem e
para que?
O mundo não gira ao redor do umbigo de ninguém e please, o seu Deus não
é o único nesse vasto mundo, na vasta história.
Onde foi parar a sinceridade, me diga?
Acredito que temos, sim, que fazer o social.
Sorrir e dançar ao ritmo dessa música é necessário para que possamos
passar pela vida com o menor número de arranhões.
Falar frases doces, e ser quem querem que sejamos, não é um sacrifício
imensurável.
Mas mantenha em sua mente a sua própria música.
O compasso não precisa ser 100%, dê uns passos por si mesma.
Seja e fale, mas lembre de usar as suas palavras.
Mas enfim, de que adianta?
Vemos somente o que queremos enxergar, falamos o que pensamos e não
cuidamos com o que a boca vomita.
Somos humanos, somos dignos de pena e vergonha.
Somos ridículos.
E depois de tantos clichês ditos aqui, vou eu me sentir incomodada por
me machucar por uma pessoa que meu instinto animal já me dizia para afastar.
Vai, toma sua besta.
Quem muito espera, pouco consegue.
E não adianta mudar, se apenas o endereço muda.
Onde quer que vá, isso irá me perseguir pelo simples fato de eu não mudar.
Poucas coisas nesse mundo muda.
Continuamos esperando, julgando, criticando, caluniando e acreditando em
tudo que nos entregam em bandejas mastigadas, sem procurar entender, sem
procurar saber, se informar.
A preguiça corrói a alma e a mente, é mais fácil ver com os olhos dos
outros sem colocarmos nossa opnião, afinal, não conseguimos modelar uma.
Para modelar uma opnião é preciso saber, entender e pesquisar.
Que foda.
are we still here ??
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