~Palavras Cotidianas.

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"Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos."

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''Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.''


Friedrich Nietzsche






Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais.

- José Saramago.


no surprises...

22 de junho de 2010

Sobre vícios e limites.

É como um vício.
Sim, eu sei bem que pessoas que se entregam a vícios são estupidamente fracas.
Mas qual ser humano não é estupido, e muito mais, fraco?
Além de tudo, isso nasceu comigo, creio que por muito tempo, além do que eu gostaria, isso ira me acompanhar.
Pra muitos que me vêem, é como um trem que sabe que a linha tem um final, mas se recusa a parar.
Sou auto-destrutiva.
Sim,mais uma vez, quem não é?
Mas eu me sinto mal por isso.
Tenho uma grande amiga, fake, como tudo na minha vida, que me perguntou se eu sei que uma coisa não tá certa, porque eu não tento fazer de uma forma mais saudável e correta...
Porque eu quero lutar.
Eu odeio expectativas, ainda mais quando giram em torno de mim.
Odeio pressão, odeio ter que fazer o que esperam que eu faça. Odeio ter que me importar com algo apenas porque o correto seria eu me importar.
Não me pergunte o porque. Eu odeio. Nao sei, apenas não suporto essa pressão.
Eu naão vivo pra ocupar a vida e a boca de outras pessoas.
Creio que, pra certas situações, os fins justificam os meios. Não pra tudo, claro.
Eu necessito de vicios. Eu sou assim.
Pra que me justificar?
Eu não me sinto bem por ser quem sou, e Deus sabe o quanto eu luto contra tudo isso.
Afinal, muitas pessoas tem que lutar com coisas mais dignas, como comida para os filhos, ou dinheiro para pagar contas do hospital.
Ou ainda, em não morrer de fome e frio, ou calor, em um lugar cuja expectativa de sobrevivência é praticamente nula.
Eu me sinto culpada por ser tão egoísta,mas sou.
E cada vez mais eu aumento isso.
Eu poderia me deixar arrastar pela depressão cada vez que tenho uma crise. Poderia me deixar levar pelo pânico, cada vez que ele me invade.
Mas então, eu seria apenas uma garota mimada que inventa doenças para chamar a atenção.
E eu não quero atenção.
O que quero dizer, é que eu confesso para quem se impora comigo quão ruim eu estou.
Vamos ser mais claros, eu confesso para quem toma conta de mim.
Mas então, tudo não passa de frescurite, tudo isso é uma coisa normal que todo mundo tem.
E depois, me perguntam porque eu odeio modinha.
Quem não tem, quem acha que tem, quem acha que é frescurite, não sabe como é...
E daí se existem pessoas lutando contra fantasmas piores que os meus?
E daí que existem pessoas que passaram por coisas infinitamente piores que as minhas?
São minhas lutas, e sou eu quem devo suportá-las, mais ninguém.
Mas então, eu precisaria apenas de um pouco de compreensão, não sou fácil de lidar.
E, putamerda, é horrivel.
O modo como eu me sinto, o modo como isso me domina, e eu simplesmente não posso fazer nada além de amaldiçoar, sabendo que eu não faço isso por contade própria. Não sou masoquista.
Eu sei o que se passa, é a mesma situação de alguém que foi picado por uma cobra, sabe qual cobra que é, sabe que tem que fazer algo, mas é impotente. Porque sabe que o veneno está se espalhando, no meu caso, lentamente, até chegar ao coração e se espalhar completamente, e morrer.
Mas eu não vou morrer, eu vou lutar. Eu tenho lutado por um bom tempo, pra evitar as crises, as situações embaraçosas que vem com elas. Eu luto.
Mas isso acaba comigo.
Eu gostaria de não ter que lutar, poder me entregar e passar os dias sentindo esse leve desespero tomar conta de tudo.
Será que se algum dia eu me entregar....
Enfim...
Mas o que me preocupa mesmo é o vazio.
O meu vazio. Que eu tanto amo, meu espaço, meu verdadeiro lugar.
Não sentir, não pensar, não preocupar com nada, nada mesmo.
Apenas o nada.
Eu amo isso, mas isso vicia. E está me levando lentamente.
Como explicar...? Pra não sucumbir às lutas, eu me afasto de tudo. Me abandono.
Mas quanto mais eu me fecho, mais eu sei que isso está errado.
Eu sempre vivi em um mundo só meu, onde quase ninguém entra.
E quando entra, ocupa quartos afastados do nucleo.
Me disseram que sou como um espelho, já mencionei.
Adotei essa metafora. Mas mesmo assim, conto nos dedos de uma mão quantas pessoas me possuem.
E em um dedo a unica capaz de me atingir.
Eu não me permito afundar no poço apenas para descobrir qual é a profundidade.
Eu consegui sair uma vez, mas como um espelho partido, eu tenho marcas, e nunca irei refletir como antes. Acho que na verdade, eu nunca refleti corretamente, por tudo o que me lembro.
Uma parte está trancada, e não sei nada mais que borrões de minha propria vida...
Eu não quero ser enterrada viva pela minha incapacidade de encarar o problema. É claro que eu luto, mas vivo fugindo.
Luto apenas pra não deixá-lo sair, escapar.
Mas fujo pra não afundar.
Essa mesma amiga me pergutou se, quando eu souber que não vou bem, eu saberei parar. Se eu saberei pedir ajuda.
Eu falei que sim.
Mas será que eu iria querer parar?
Será que o vazio e a solidão não me terão completamente, de forma que eu decididamente prefira ir até o fundo?
Eu tenho duas partes em mim, a racional e a irracional.
Eu sei distinguir cada problema, mas é como se eu fosse um prédio de uma corporação.
O irracional tem 51% das ações.
Então, por mais que eu saiba o que é errado, nunca consigo me controlar o suficiente para parar, para conseguir me ajudar, para evitar situações estranhas. culpe o tdah. culpe quem eu sou.
Eu não posso.
E se eu realmente não quiser mais parar?
O que eu farei então?
Eu li várias vezes que a ignorância é uma benção.
E eu acredito ser assim. Pensar cansa. E mata.

Uma observação?
Ninguém tem limites. De nada, de ninguém.
Não existem limites. Existem apenas o controle.
Ou a falta dele.

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