Claro que com um guardião ao lado, e somente como diversão, por pouco tempo, nunca como transporte.
Agora à pouco, assisti sobre um país relativamente novo, cujo nome não me lembro, e não me sinto inclinada a lembrar, sobre como são os casamentos.
O homem vê uma mulher, decide que gosta dela, e eles simplesmente sequestram a infeliz.
Sequestro realizado, as mulheres da família dele tem que conseguir colocar um véu branco em sua cabeça, caso consigam, sucesso! Eles estão casados.
Não importa os gritos de protestos, as lágrimas e a raiva.
Importa que o homem quer uma esposa, que cuide de sua casa, e quem sabe, de suas ovelhas.
Discutindo sobre esse assunto, um amigo me jogou seu argumento, sobre "como séculos de costume, quem tem o direito de contestar toda uma cultura?"
Algo como " se eu cresci em um país onde apedrejar uma mulher na rua até sua morte, apenas por ela ter traído o seu marido, é o correto, como um país ou algum estranjeiro pode vir a mim e me convencer que vivo uma vida toda acreditando e seguindo séculos de um costume?"
Talvez esse argumento fosse aceito, em um mundo sem informação.
Talvez até possa ser aceito, caso seja um país cuja censura seja sobre tudo que não fale bem sobre sua religião e cultura. Ou por homens, desses países, que sempre estão no topo da cadeia alimentar.
Mas não admito que possa ser aceito pelas mulheres que estão ali.
Não admito o medo de lutar, erguer a voz.
Não admito. Mas entendo.
O mundo é tão relativo, em tudo e sobre tudo, as pessoas, tão insensíveis e cruéis em seu egoísmo profundo...
Não posso evitar a revolta, a bile que me sobe à boca, as lágrimas de frustração que me invadem os olhos, a cada reportagem, a cada notícia que vejo sobre a miséria humana, tão profunda, tão inevitável.
Vivemos em um mundo de tecnologia, e informação, um mundo onde eu quero, e eu posso.
Mas esse mundo talvez não exista para todo ser vivo. E é isso que me revolta.
O fato de que eu, com minhas idéias e ideais, tenha que engolir a revolta, e entender que uma mulher que so tem aquela vida e aquela cultura, que uma garota, por maior que seja sua revolta, tenha que engolir sua frustração, simplesmente pelo fato de não ter um apoio, não ter com quem lutar junto, porque todas ou a maioria estão com medo de serem estupradas em rua pública por uma horda de animais irracionais, com medo de serem apedrejadas, ou terem qualquer parte de sua anatomia cortada.
Não aceito o fato de que eu entenda o desespero que uma alma solitária sente, o medo surdo e paralisante de iniciar uma revolta e mudar um país.
Li uma frase interessante em um livro, sobre como os primeiros lutadores serão sempre os apedrejados na luta, a fim de abrir um caminho para que os que virão a seguir, terem flores jogadas aos seus pés.
Mudar a própria vida é desesperador. Mudar um costume, um país, uma cultura, séculos de crueldade e cegueira, é algo que poucos podem. Ou é isso que querem acreditar. É nisso que querem que acreditemos.
A vida está aí, esperando ser mudada.
Vozes solitárias e desesperadas estão esperando para poder se juntar a algum lider, alguém capaz de guiar e receber as primeiras flechas.
E é nisso que prefiro acreditar. Elas estão esperando.
O MUNDO está esperando.
Comprei toda As Crônicas Vampirescas, de Anne Rice...estive lendo e relendo, e encontrei uma passagem n'O Vampiro Lestat, que diz:
A vida está aí, esperando ser mudada.
Vozes solitárias e desesperadas estão esperando para poder se juntar a algum lider, alguém capaz de guiar e receber as primeiras flechas.
E é nisso que prefiro acreditar. Elas estão esperando.
O MUNDO está esperando.
Comprei toda As Crônicas Vampirescas, de Anne Rice...estive lendo e relendo, e encontrei uma passagem n'O Vampiro Lestat, que diz:
" (...)
— Atores e atrizes são mágicos — eu disse. — Fazem as coisas acontecer 
no palco, inventam, criam. 
—  Espere  até você ver o suor escorrendo em seus rostos pintados sob o brilho da ribalta — ele respondeu. 
—  Ah,  lá vem você de novo — eu disse. — E logo você que desistiu de 
tudo para tocar violino. 
De  repente,  ele  ficou  terrivelmente  sério, olhando 
para o lado como se estivesse cansado de suas próprias lutas pessoais. 
— Isso eu fiz mesmo — ele confessou. 
Naquela  altura,  toda  a  aldeia  sabia  que  ele  e  seu  pai  estavam  em  guerra. 
Nicki não voltaria para a escola em Paris. 
—  Você cria vida quando representa — eu disse. — Cria algo a partir do 
nada. Faz acontecer algo de bom. E, para mim, isso é abençoado. 
—  Eu  faço  música  e  isso  me  deixa  feliz  —  ele  disse.—  O  que  há  de abençoado ou de bom nisso? 
Fiz  um  gesto  de  desprezo  como  sempre  fazia  agora  diante  do  seu cinismo. 
—  Durante  todos  esses  anos  vivi  entre  aqueles  que  não  criam  coisa 
alguma e não mudam nada — eu disse. — Atores e músicos... para mim, eles são santos. 
—  Santos?  —  ele  perguntou.  —  Santidade?  Bondade?  Lestat,  sua linguagem me desconcerta. 
Eu sorri e balancei a cabeça. 
—  Você não compreende. Estou falando do caráter dos
 seres humanos e não  do  que  eles  acreditam.  Estou  falando  daqueles  que  não  aceitam  uma  vida imbecil,  só  porque  nasceram  para  ela.  Refiro-me  àqueles  que  tentam  ser  algo melhor. Aqueles que trabalham, se sacrificam, fazem coisas... 
Ele  ficou  comovido  com  isso  e  eu  um  tanto  quanto  su
rpreso  por  tê-lo 
dito. No entanto, senti que o havia magoado de algu
ma forma. 
— Há algo de abençoado nisso — eu disse. — De santidade. E com Deus ou sem Deus, há virtude nisso. Sei disso da maneira como sei que as montanhas 
estão lá fora, que as estrelas brilham. 
Ele me olhou com tristeza. E ainda parecia magoado.
Mas, por enquanto,eu não pensava nele. 
Estava pensando na conversa que tivera com minha mãe e na minha idéia de que não poderia ser bom desafiar minha família. 
Mas se eu acreditasse no que estava dizendo... 
Ele perguntou como se pudesse ler minha mente: 
— Mas você acredita realmente nessas coisas? 
— Talvez sim. Talvez não — eu disse. Não podia suportar vê-lo tão triste assim."
 
 
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