e rola ribanceira abaixo.

O que mais posso esperar?
Vejo a vida passar atrás das minhas janelas, ou seriam espelhos?
Me reflito e sinto frio, mas nem tanto, quanto se é esperado de um simples espelho.
Tenho minha moldura, estou feliz com isso.
Me contento e me reprimo, muito bem, obrigada.
Mas quem sabe se um passinho não me levará mais adiante?
Mas tenho medo de que seja adiante demais.
Vou continuar em minha redoma de vidro, assim, quem sabe...

Tanto a falar, mas nada de criatividade.
O ano se passou rápido demais, na verdade, parece que nem passou...
Mas passou, e me levou, rolando ribanceira abaixo.
Não reclamo, tenho dias e noites maravilhosas.
Temos que aprender a cultivar a gratidão pelo que temos.
Ou podem chamar isso de conformidade, falta de vontade, preguiça?
Não sei se sou apenas acomodada.
Na realidade, sei sim, eu sou.
Até demais.
Mas sou feliz, dentro dos padrões permitidos a essa palavrinha confusa, delicada e remota.
Posso passar dias reclamando de muitas coisas, sem senti-las.
Isso me torna insuportável, até mesmo para mim.
Que fazer?
Eu tento, quem sabe um dia...
Mas sou feliz, conformada, e infinitamente preguiçosa...
Mas feliz.
Tenho muito mais que muitos sequer podem esperar dessa vida.
Um tanto ingrata, eu, não?

Mas quem sabe...